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Exame FAN positivo: o que pode significar?

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O sistema imune é representado pelas células brancas do sangue (leucócitos), proteínas denominadas anticorpos e uma grande variedade de substâncias solúveis no sangue, sendo as principais as citocinas e o sistema complemento. Tem função protetora do nosso corpo, especialmente contra infecções, surgimento de neoplasias e promoção de inflamação. 

O desenvolvimento normal do sistema imune envolve o reconhecimento de elementos que fazem parte do próprio organismo e ataque aos não próprios, em um processo que acontece durante a maturação dos linfócitos nos órgãos linfóides (medula e timo) e quando estes, já maduros, são desafiados nos tecidos periféricos. Essa é a chamada tolerância imunológica.

Nas doenças autoimunes há quebra dessa tolerância imunológica, com surgimento de células imunes autorreativas, autoanticorpos (anticorpos dirigidos contra estruturas próprias) e defeitos na supressão da inflamação. O grupo autoimune de enfermidades reumáticas são transtornos órgão-inespecíficos, nos quais os autoanticorpos são dirigidos contra elementos intracelulares que são universalmente distribuídos nos diferentes tecidos. Esses alvos são, especialmente, material genético e maquinaria de síntese protéica.

A pesquisa de anticorpos contra estruturas do próprio organismo, situadas dentro das células, é feita através de um exame de sangue denominado fator antinuclear (FAN). As informações principais que este exame traz ao médico é a presença ou ausência de autoanticorpos, sua concentração e o alvo provável. O laudo do exame traz um resultado numérico chamado título, e ainda contra qual compartimento da célula se dirigem os autoanticorpos e o padrão de fluorescência (mosaico semelhante a uma interpretação de pintura de um quadro). A primeira informação se relaciona à concentração de autoanticorpos e as duas últimas, sobre os alvos prováveis.

As doenças reumáticas autoimunes normalmente se instalam de forma lenta, sendo que muitas vezes há um período préclínico assintomático, em que o único sinal de que há algo de errado é a evidência de quebra de tolerância imunológica, expressada pela presença de autoanticorpos.

Por outro lado, indivíduos sadios podem ter autoanticorpos, sendo que 10 a 15 % da população sadia pode ter o exame de FAN positivo. Esses autoanticorpos têm várias características que os tornam incapazes de produzir doença.

Sendo assim, um resultado positivo do exame do FAN pode ter várias implicações diferentes. Pode aparecer em indivíduos sadios, ser sinal de doença reumática autoimune, ser sinal precoce de doença (pode aparecer até 10 anos antes do desenvolvimento clínico da enfermidade), sinal mínimo de doença (associado com manifestações clínicas discretas), ser sinal de quebra de tolerância imunológica transitória (por infecções, uso de medicamentos e neoplasia) ou traço autoimune familiar.

O exame deve ser solicitado diante de uma suspeita clínica de enfermidade reumática autoimune, sendo útil especialmente para o diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome de Sjögren e Doença Mista do Tecido Conjuntivo.

No entanto, tem sido muito comum a solicitação deste exame em situações de baixa probabilidade de doença dessa natureza, trazendo desafios à interpretação dos resultados.

Somente um reumatologista pode esclarecer sobre o significado do exame para cada paciente em particular, através de história clínica, exames complementares e freqüentemente com acompanhamento ao longo do tempo.

Os indivíduos saudáveis, com autoanticorpos incapazes de produzir doença, geralmente tem exame de FAN de padrão nuclear pontilhado fino denso ou baixos títulos do nuclear pontilhado fino. Mesmo que a possibilidade principal seja de não haver doença atual, é necessário acompanhamento clínico para eventual surgimento futuro de transtorno autoimune. Trabalho brasileiro demonstrou que o seguimento de três anos, de pacientes aparentemente sadios, mas com exame de FAN positivo de padrão nuclear pontilhado fino denso, costuma ser suficiente.

 

 

Dr Leandro Tavares Finotti

 

 

 

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